Por Natan Dalprá Rodrigues
No teste mais difícil de sua pré-temporada até agora, o Aimoré ratificou algo que o torcedor já está mais do que ciente: é um time em construção.
Seja no aspecto físico, tático ou técnico propriamente dito, o grupo aimoresista ainda não tem parâmetros definitivos e isso se justifica por um fato extremamente objetivo: excetuando Renato, Darlan, Bruno Ferreira, Régis, Isaias e Pablo, nenhum outro jogador fazia parte do plantel, ou seja, todos os outros atletas são novidades e com trinta dias de trabalho, convenhamos que é impossível maturar ideias e conceitos de execução de jogo.
Gilson Maciel e Everton Vanoni são, assumidamente, apreciadores do futebol vistoso, bem jogado, gostam que seus times tenham a bola e a mantenham no campo do oponente. O conceito é muito interessante e não há um índio que esteja torcendo contra a implementação desse modal de atuação, a questão é que para que haja um nível de atuação defensivo e ofensivo compatível com os anseios do Aimoré em 2021, obtenção de vaga em competição nacional no Gauchão e uma campanha competitiva na D Nacional, é preciso que a assimilação de tudo isso seja a mais breve possível.
No sábado que passou, por exemplo, acompanhamos William Mineiro como volante, ladeado por Marabá e Jean Roberto. Senão vejamos, ante a estreia (boa, por sinal) de Thalheimer, foi uma alternativa testada para que haja equilíbrio na composição do meio-campo. As oscilações – previsíveis – apareceram e no embate na cancha do adversário, cujo time-base é 75% igual ao do ano passado, algumas situações chamaram a atenção.
Tal qual nos outros jogos, ainda falta mecanizar melhor o jogo com Neto Baiano. Na Serra Gaúcha, vimos uma atuação de muita luta deste jogador, o qual, aliás, sofreu uma penalidade máxima não assinalada pelo árbitro, mas que, novamente, foi pouco alimentado. O jogador é um exemplar de centroavante, daqueles à moda antiga, cuja participação ideal é aquela “dominou, chutou”.
Se em 2020 faltavam opções para as beiradas do campo, o ano corrente trouxe várias alternativas. Luís Soares está chegando e já compõem o grupo: Marcelinho, Érico, Wesley e Guilherme Beléa. Os dois primeiros se denotam como naturais titulares pelo histórico e experiência, entretanto o campo tem mostrado que os mais jovens desta relação apresentam desempenho bastante interessante, sobretudo Guilherme que, em nosso entendimento, a menos que tenha problemas físicos, tal qual ocorreu no jogo contra o Caxias, tem de ser titular do time.
Raul (que pegou pênalti contra o Santa Cruz e foi muito bem contra o Grená), Bruno Ferreira (Tcharles), Renato, Talheimer e Lucas Sampaio (Ávila) formam uma linha de defesa correta, de bom nível, mas conforme já supramencionamos, resta ainda definir a meiuca indígena. Marabá pode ser 5? Fabiano estará pronto quando? Denoni e Jean Roberto podem jogar juntos sem prejudicar a marcação? Janeudo terá condições clínico-físicas para iniciar o carnê de jogos oficiais? São várias indagações que, por mais que apareçam indicativos de respostas no embate do próximo dia 20 contra o Pelotas, ainda pairarão para a estreia no Campeonato Gaúcho.
O time ideal é utopia, é isso não é culpa do Gilson ou de quem quer que seja, sempre faltará um ajuste aqui ou ali a ser feito, ainda mais com um calendário maluco como é o do futebol brasileiro. Todavia, retornando ao mundo capilé, é óbvio que esperamos ver parte dos questionamentos respondidos no final desta semana e vencer o áureo-cerúleo é importante demais para dar confiança para esta intensa e suigêneris temporada que inicia no fim do mês.
Foto: Fernando Campos/CE Aimoré