É com a voz tranquila e o sotaque levemente carregado do interior de São Paulo que João Denoni fala sobre o desafio que aceitou para 2021. Promessa do Palmeiras no início da década passada, e alçado aos profissionais por Felipão, o meio-campista de 27 anos deixou o futebol paulista visando jogar mais após algumas temporadas com campanhas de destaque, mas no banco de reservas. Para isso, no entanto, precisará vencer a acirrada e sadia disputa por vaga no meio de campo do Aimoré para o Campeonato Gaúcho. Ele falou sobre isso e muito mais em entrevista exclusiva à Rádio Índio Capilé no Papo de Índio da última terça-feira (16). Confira os principais trechos:

INÍCIO NO PALMEIRAS

"Subi em 2012 com o Felipão. Foi muito rápido. Eu estava com 18 anos, o clube vivia um momento difícil. Fiz bons jogos, até fiquei para a pré-temporada em 2013. Mas era um ano atípico, a gente iria jogar a Série B e a Libertadores. Tinha acabado de mudar a diretoria, e eles vieram com um pensamento diferente, de trazer jogadores experientes. Eles decidiram me emprestar. Sou grato ao Palmeiras por tudo, me conhecem por causa disso."

SAÍDA DE SÃO PAULO

"Eu pus para minha carreira sair um pouco de São Paulo. É um futebol muito bom, competitivo e com visibilidade. Mas eu tenho tido dificuldade nos últimos anos. Os clubes onde eu estava [Red Bull Brasil e Mirassol] fizeram bons campeonatos, mas o time estava encaixado e eu ficava no banco de reservas. Não estava tendo os minutos que gostaria. Aceitei o desafio de sair para outros estados, jogar outros campeonatos, para poder voltar a ter mais minutos, jogar em um cenário diferente."

POSICIONAMENTO

"Tudo depende da equipe e do que o treinador pensa. Eu consigo fazer as três funções no meio de campo. Gosto de jogar um pouco mais aberto. Com três no meio de campo, acabo cobrindo o lado direito com mais facilidade, nessa função de chegar ao ataque e cobrir bem os espaços. Mas também tenho jogado de primeiro volante, ou com dois, em que um sai e outro fica. Na base eu fazia mais a meia, foi até o Felipão que me recuou um pouco mais para fazer primeiro."

AMBIENTE DO GRUPO

"Não dá tempo para ter vaidade. Tem que fazer tudo pelo grupo. Claro que temos objetivos individuais, mas o clube indo bem, classificando, as coisas tendem a ser boas para todos. O pessoal que chega, um pouco mais maduro, tem isso na cabeça, de que precisa ter um ambiente bom, em que todo mundo respeite todo mundo. A gente tem que se unir. Alguns eu já conhecia, a gente acaba se entrosando um pouco antes. Mas é um grupo muito bom, me receberam muito bem. Isso tem feito me sentir confiante. Sou uma pessoa muito boa de grupo. Isso tem facilitado, é uma estratégia importante para que a gente possa ter vantagem nas partidas.

ADAPTAÇÃO AO FUTEBOL GAÚCHO

"Tenho sentido diferença. É um jogo mais brigado. O jogo de Caxias foi um amistoso preparativo bom. As duas equipes entraram segurando um pouco mais, ninguém queria perder. Tiveram várias oportunidades de contra-ataques que foram matadas com falta. Está na regra, faz parte, mas tira um pouco da qualidade. O pessoal tem falado que o Gauchão é assim. Mas tem equipes com qualidade."

BRIGA PELA TITULARIDADE

"Precisa ter essa briga, até para ninguém se sentir confortável. Quem está de fora precisa mostrar desempenho para causar desconforto para quem está jogando. É assim que vamos aumentar o nível de atuação dos titulares. O treinador está conhecendo, muitos não tinham trabalhado com ele, alguns ele já conhecia. Ele tem testado, tinha me testado nos outros amistosos, nesse último optou por outros jogadores. Temos que respeitar e estar ali para impor dificuldade na cabeça dele, para ele se virar para escalar quem achar melhor."

Foto: Fernando Campos/CE Aimoré


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