Por Nícolas Wagner


O fiel e sofrido torcedor aimoresista sabe, mas o simpatizante e a comunidade leopoldense em geral talvez não, o que representa o jogo de sábado, às 16h30min, contra o São Luiz, no Monumental do Cristo Rei. Muito mais do que o fechamento da participação no Campeonato Gaúcho, me atrevo a dizer que essa partida define o futuro do Clube Esportivo Aimoré enquanto instituição.


Não falo apenas do que representaria um rebaixamento, cuja possibilidade é remota - somente em caso de derrota para o São Luiz, somada à vitória do União Frederiquense sobre o Caxias e, no mínimo, empate do Juventude com o Brasil; ou empate com o São Luiz, acrescido de vitória com saldo de gols da equipe de Frederico Westphalen e vitória simples do time de Caxias do Sul. Voltar à Divisão de Acesso significaria queda brusca de receitas e visibilidade, que para um clube tão carente de apoio como o Aimoré seria trágico, para não dizer falimentar. Como diz nosso narrador Eduardo Souza, teríamos que voltar a roer o osso, o que quem tem comido carnes mais suculentas não quer fazer tão cedo.


Mas mesmo o famigerado limbo, aquela zona em que não cai, mas também não conquista vagas, já seria um duro golpe para quem ficou na 7ª colocação nas últimas três participações desde o retorno à elite do futebol gaúcho, com o plus de ter conquistado duas vagas consecutivas para a Série D do Campeonato Brasileiro. Para repetir o feito, o Aimoré depende apenas de si. Basta vencer o São Luiz, que joga pelo empate neste confronto direto por uma divisão nacional em 2023.


Falo em duro golpe porque o futuro dos clubes do futebol interiorano passa por ter calendário nacional. Por experiência própria, sabemos como jogar um Campeonato Brasileiro, por mais custoso que seja, permite ao Aimoré expandir sua marca e ter o diferencial do calendário cheio para atrair jogadores. Além disso, a vaga para o ano que vem daria tranquilidade para jogar a Série D que começa daqui a um mês, não sendo necessário gastar o que não se tem para montar uma equipe competitiva.


As últimas edições do Campeonato Gaúcho mostram também como as equipes com divisão nacional se sobressaem em relação àquelas que não tem. É algo lógico, porque, para estas, o ano futebolístico tem apenas 3 meses. Em um meio tão volátil como o futebol, jogador quer garantia, ou ao menos perspectiva, de emprego o ano inteiro, coisa que os times que só jogam o Gauchão não são capazes de oferecer.


Diante de tudo isso, é momento de darmos as mãos. Todos temos críticas ao modo com algumas coisas têm sido conduzidas no Aimoré, das escolhas do Lacerda à falta de uma política de futebol permanente no clube, ponto levantado de forma brilhante pelo Natan. Vários atores aimoresistas, incluindo a Rádio Índio Capilé, protagonizaram momentos de atrito ao longo da competição, e isso, sabemos, se estende à direção e ao Conselho Deliberativo do clube.


Porém, se possuo, como alguém que abre mão de muita coisa para que o nosso Índio tenha a melhor cobertura possível, direito de pedir algo ao torcedor aimoresista e à comunidade de São Leopoldo, é: sejamos um só, por 90 minutos. Sim, as discordâncias existem. Sim, há muito a ser dito, criticado e projetado. Mas isso pode ficar para depois. Lugar de aimoresista e de leopoldense, sábado, é no Cristo Rei. Barbada maior do que a promoção de ingressos feita pela direção não existe. Leve namorada, amigo, irmão, tio, avô, etc. Não é pelo Nícolas, pelo Werner, pelo Lacerda ou pelo Wagner. É pelo Aimoré.

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