"É o jogador que eu vi passar pelo Aimoré que mais se dedicou". Essa foi a definição do presidente Werner Carvalho em relação a Paulinho Dias, após o capitão marcar o gol da vitória de virada sobre o São Luiz, no último sábado (14), pela 5ª rodada da Série D do Campeonato Brasileiro. Um prêmio para o volante, que um dia antes havia completado 34 anos, e assumiu a responsabilidade de ser a liderança e o exemplo de um elenco extremamente jovem.

"Eu gozei com ele que ele merece uma estátua aqui no Aimoré, porque ele é um dos mais velhos do grupo e é o que puxa o treino, é o menor percentual de gordura do grupo. Ele é um exemplo para a gurizada que está aqui, um exemplo de dedicação e trabalho. É baseado nessas coisas que ainda dá motivação para a gente continuar trabalhando, porque o dia a dia é muito difícil", elogiou Werner. O acalorado abraço do presidente no capitão, no centro do gramado, pouco depois do final da partida contra o São Luiz, ilustra esse reconhecimento. "Eu amo esse cara, guardadas as devidas proporções", riu o mandatário.

A admiração se estende à comissão técnica. "É um ser humano muito fora da curva", afirmou o técnico Edinho Rosa. "É um parceiro que eu tenho dentro do vestiário. Cada dia mais eu me impressiono com o nível de profissionalismo desse atleta, com o comprometimento dele com a equipe e com o clube. É espetacular o que esse rapaz faz no dia a dia do Aimoré, conversando, agregando aos mais jovens, trazendo todos para o ambiente do vestiário, fazendo com que todos se sintam importantes", acrescentou.

Edinho revelou um bastidor que exemplifica toda essa dedicação. Durante o período de preparação para a Série D, os atletas do elenco aimoresista realizaram o "Yo-Yo Test", famoso teste aplicado em jogadores de futebol para avaliar suas capacidades aeróbicas. "Ele simplesmente zerou a máquina. Ele encerrou o teste", contou o treinador, citando que nenhum jogador do Sub-17 e do Sub-20, em tese mais privilegiados fisicamente, conseguiu esse feito.

Com a fala mansa que lhe é peculiar, Paulinho usa uma palavra-chave para justificar sua conduta: próposito. "Eu sonhei quando criança em jogar futebol. Às vezes as pessoas vêem como trabalho. Eu quero desfrutar desse negócio. Eu fui muito bem recebido aqui, do fundo do coração. Eu quero que os meninos, porque um dia fui jovem, olhem e falem assim 'cara, eu vou copiar porque é exemplo'. Se esse é um propósito de Deus na minha vida, eu vou cumprir com toda excelência do mundo", explicou.

É esse pensamento que faz alguém que já jogou Série A e Libertadores ter a ambição de ajudar um clube de 86 anos crescer em um cenário nacional que até pouco tempo desconhecia. Sorte do Aimoré, de sua torcida, e dos garotos do jovem elenco, que tem em quem se espelhar.

Foto: Leonardo Oberherr/CE Aimoré